Jornadas de trabalho excessivamente longas aumentam significativamente as chances de morrer por doenças cardiovasculares, segundo um novo estudo internacional liderado pela (OMS) em parceria com a (OIT). O relatório também afirma que, todos os anos, centenas de milhares de pessoas morrem de doenças cardíacas ou AVC por trabalhar demais.

Os dados foram calculados com base em dezenas de pesquisas feitas em 154 países entre 1970 e 2018. Eles revelam que, em 2016, 745 mil pessoas morreram no mundo em decorrência ao excesso de trabalho - 398 mil de acidente vascular cerebral (derrame) e 347 mil de problemas cardíacos. Esses dois números são, respectivamente, 19% e 42% maiores do que os registrados em 2000.

O estudo, publicado no periódico cientíco Environment International, também concluiu que trabalhar 55 ou mais horas por semana está associado a um risco cerca de 35% maior de sofrer um derrame e um risco 17% maior de morrer de doenças cardíacas, em relação com jornadas de trabalho mais moderadas e comuns (de 25 a 40 horas por semana).

Síndrome de burnout, depressão e ansiedade são algumas das consequências mais debatidas no mercado de trabalho atual, mas as consequências podem ser ainda mais extremas. O novo estudo da OMS e da OIT é o primeiro a medir a mortalidade em escala global relacionada a doenças cardiovasculares causadas por longas jornadas de trabalho.

Infelizmente, o problema não está melhorando. Em 2016, 9% da população mundial (488 milhões de pessoas) trabalhavam mais de 55 horas por semana, estimou o estudo, e, hoje, 1/3 de todos os problemas de saúde no contexto do trabalho tem relação com as horas extras excessivas. A Covid-19, por sinal, só veio para agravar a situação.

A OMS e a OIT aproveitaram a divulgação dos resultados para pedir que governos, empregadores e funcionários se unam para estabelecer limites que protejam a saúde dos trabalhadores. Entre as medidas sugeridas pelas organizações, estão a criação de leis que impeçam jornada de trabalho excessivas, acordos entre empregadores e associações de trabalhadores para permitir rotinas mais flexíveis e a cooperação entre funcionários para compartilhar horas trabalhadas e impedir que o total passe de 55 horas por semana. vocesa.abril.com.br