O valor médio desembolsado pelo trabalhador na refeição fora de casa foi de R$ 54,49 em agosto, contra os R$ 52,32 registrados no mesmo período do ano passado. Já em relação a julho de 2023, quando o valor médio gasto por consumidor foi de R$ 55,63, houve uma queda de 2%.
O levantamento, realizado pela Ticket, marca da Edenred Brasil de vale-refeição e vale-alimentação, aponta um aumento de 4% em agosto no comparativo do mesmo período de 2022.
A pesquisa se refere ao gasto médio do consumidor em restaurantes de comida brasileira. Em agosto, estiveram logo atrás da brasileira a comida de padaria, lanchonete, fast-food e carne.
“A culinária brasileira, que contempla os restaurantes por quilo e pratos feitos com arroz, feijão, carne e salada, é a primeira no ranking das preferências culinárias do trabalhador, sendo a principal escolha de mais de 22% dos nossos usuários para a hora do almoço. Esse movimento no consumo da categoria nos dá um panorama do comportamento das pessoas em relação à alimentação fora do lar”, afirma Jean Castro, diretor de Rede de Estabelecimentos da Ticket.
O aumento anual mostrado pelo levantamento ficou um pouco abaixo da inflação oficial medida pelo IPCA (Índice Nacional de Consumidor Amplo) nos últimos 12 meses, de 4,61%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Enquanto a alimentação no domicílio registrou queda de 0,62% no acumulado dos últimos 12 meses, comer fora ficou 5,58% mais caro no mesmo período.
O economista Matheus Peçanha, pesquisador do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), explica que a queda da alimentação no domicílio é uma questão de oferta, e o aumento da alimentação fora de casa tem a ver com a alta demanda dos serviços.
"Assim como a gente teve uma inflação focada em alimentos em 2020, 2021 e até metade de 2022, por questões de ofertas ruins, agora a boa oferta melhora os preços dos alimentos no domicílio. Mas a lógica da alimentação fora do domicílio, neste momento, tem a inflação mais pautada pela dinâmica do setor de serviços, que está com a demanda bem aquecida desde o ano passado, desde o fim da pandemia", afirma Peçanha.
Segundo o economista, isso favorece uma inflação aquecida. "Nosso ritmo de atividade econômica está sendo principalmente impulsionado por serviço. E esse setor de alimentação é muito forte dentro do setor de serviços", avalia.
"Essa demanda pressionada ajuda a manter esses preços aquecidos, ainda que seu principal custo, digamos assim, o alimento em si, esteja bem mais barato, inclusive para a aquisição dos próprios fornecedores", acrescenta Peçanha.
Outra pesquisa corrobora a avaliação sobre o setor de alimentação fora do lar. Segundo dados do IFB (Instituto Foodservice Brasil), o mês de agosto deste ano teve um crescimento nominal de 9,4% e real (descontada a inflação), de 3,6% nas vendas, em relação ao mesmo período do ano passado.
Os dados constam no IDF (Índice de Desempenho Foodservice), pesquisa realizada mensalmente pelo instituto, que abrange 16 redes associadas. O estudo também mostra que a participação do delivery permanece significativa para os estabelecimentos, representando 20,9% do total das vendas.
As lojas localizadas em centros comerciais, como shoppings, supermercados e aeroportos, registraram variação de faturamento de 8,9% na comparação com agosto do ano anterior, enquanto as lojas de rua tiveram variação de 11,1%.
“Com os dados do mês de agosto, seguimos em um cenário de estabilidade, com a retomada no ritmo de abertura de lojas, melhoria do emprego e inflação. Esperamos um crescimento contínuo do consumo fora do lar”, avalia Ingrid Devisate, vice-presidente do IFB.
Fonte: R7