A Polícia Federal (PF) no Rio Grande do Sul segue investigando o assalto a um carro-forte no Aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul. Até esta terça-feira (9), data em que o caso completa 20 dias, a PF já havia informado seis preventivas realizadas pela Operação Elísios, que cumpre mandados expedidos pela 5ª Vara Federal de Caxias do Sul.
Um dos assaltantes foi morto na troca de tiros com a polícia ainda na noite de 19 de junho, quando aconteceu o ataque. Além disso, um homem morto em confronto com a polícia de São Paulo também pode estar ligado ao crime em Caxias. A Polícia Federal investiga a ligação de Guilherme Costa Ambrózio, 40 anos, que seria o líder da quadrilha que assaltou o carro-forte.
aso a ligação de Ambrózio seja confirmada, chega a oito o número de suspeitos presos ou mortos. O número de envolvidos no ataque é projetado em oito a 10 pessoas. A Polícia Federal também investiga quem possa ter ação indireta, com participação na elaboração do crime, sem ter atuado diretamente do assalto no aeroporto.
A operação da PF, que envolve também Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Brigada Militar (BM), foi batizada em homenagem ao 2º sargento Fabiano Oliveira, 47 anos. Ele morreu após ser atingido por um tiro de fuzil na noite do ataque. Campos Elísios é uma referência da mitologia grega ao lugar "onde os homens virtuosos repousam de forma digna após a morte", segundo a corporação.
As seis prisões da Operação Elísios
- As três primeiras prisões ocorreram em 21 de junho, dois dias após o assalto. Dois suspeitos foram localizados em um carro na BR-116 em São Paulo. Seriam Adriano Pereira de Souza, conhecido como Cigano, e Vinícius Araújo de Melo. Cigano é considerado um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo, maior facção criminosa do país. Conforme escutas telefônicas feitas pelo Seccold (Setor de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro) da Polícia Civil, obtidas pelo site UOL, Cigano era responsável por finanças da facção paulista e estava foragido da Justiça. Condenado por tráfico de drogas, ele responde a processo criminal por compra de pontos de tráfico em São José dos Campos (SP). A PF não informou detalhes sobre a terceira prisão.
- A quarta prisão aconteceu no dia 24, em Torres, no Litoral Norte. O suspeito seria o gaúcho Luís Felipe de Jesus Brum, 21 anos. Ele vinha de Santa Catarina, num Onyx, quando foi bloqueado na BR-101 por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). As pistas indicam que ele teria participado como motorista na fuga da quadrilha. Brum tem antecedentes por tráfico de drogas, é investigado por um homicídio, pelo roubo de uma joalheria, por dois roubos de veículo e por receptação de veículo.
- O quinto homem preso seria Diego Rodrigues de Andrade, 34 anos, encontrado em Betim, Minas Gerais, no dia 26 de junho, e encaminhado ao Presídio Estadual de Piraquara, no Paraná, no dia 3. A prisão se deu pela participação em um roubo a transportadora de valores em abril de 2022 em Guarapuava (PR). Com o avanço da investigação do assalto em Caxias, ficou comprovada a participação no ataque ao Hugo Cantergiani. Com isso, a 5ª Vara Federal de Caxias do Sul expediu mandado de prisão preventiva, cumprido nesta segunda-feira (08).
- Na última sexta-feira (5) o sexto suspeito de envolvimento foi preso em São Paulo na 5ª fase da Operação Elísios. Nesta mesma etapa, a força-tarefa fez buscas em uma propriedade de Farroupilha.
Os dois suspeitos mortos
- No dia do assalto, Sílvio Wilton da Costa, conhecido como Bin Laden, foi morto durante a troca de tiros com a polícia. Ele portava carteira de habilitação do Piauí, mas é nordestino radicado em São Paulo e membro "batizado" do Primeiro Comando da Capital (PCC). O homem teve prisão preventiva decretada por participação em dois roubos muito semelhantes ao realizado em Caxias do Sul: R$ 25 milhões subtraídos no aeroporto de Campinas, em março de 2018, e R$ 117 milhões em ouro, no aeroporto de Guarulhos, em julho de 2019.
- Na sexta-feira (05) o gaúcho Guilherme Costa Ambrózio, 40 anos, foi morto após reagir contra policiais civis da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio (DISCCPAT) em São Paulo. Embora não houvesse mandado de prisão expedido contra ele no caso de Caxias, a PF investiga a ligação com o crime. O homem tinha um longo histórico de envolvimento a assaltos a bancos e carro-forte, inclusive na Serra. Ambrózio estava na casa dele, no bairro Jabaquara, na capital paulista. No local, um armamento de grosso calibre foi encontrado com o suspeito. Entre as armas, uma de calibre .50, similar a que foi utilizada no crime no Hugo Cantergiani. Também foram encontrados uniformes falsos da Polícia Federal, como os que foram utilizados no assalto. Conforme a nota das autoridades paulistas, o homem também era procurado da Justiça de Guarapuava (PR) por envolvimento no ataque a uma empresa de transporte de valores em abril de 2022.
Relembre o caso
O ataque no aeroporto de Caxias aconteceu por volta das 19h30min do dia 19 de junho. O assalto pretendia roubar cerca de R$ 30 milhões de um banco privado. O carro-forte era abastecido por malotes de dinheiro trazidos de Curitiba em uma aeronave de pequeno porte. Um grupo, de oito a 10 pessoas, atacou funcionários da empresa de transporte de valores, em uma ação que surpreendeu pela audácia dos criminosos.
Com armamento de guerra, incluindo um fuzil Barrett M82 calibre .50, e fardamento falso, os assaltantes usaram veículos com adesivos da Polícia Federal (PF) para acessar o hangar do aeroporto. O portão 2 foi aberto por funcionários que atuam no aeroporto justamente por acharem que se tratava da PF.
O primeiro confronto se deu entre os seguranças do carro-forte e a quadrilha. Na sequência, guarnições da BM se deslocaram ao local. Na primeira a chegar no Hugo Cantergiani estava o 2º sargento Fabiano Oliveira, 47 anos. Os policiais foram recebidos com disparos de arma de fogo. Um dos tiros de fuzil atingiu o 2º sargento no tórax e atravessou o colete de proteção balística. Mesmo socorrido e levado ao hospital, o brigadiano não resistiu.
No confronto, após a chegada da Brigada Militar, o assaltante Sílvio Wilton da Costa foi morto. Ele fugia em uma camionete Frontier, falsamente identificada como sendo da PF. Com ele foram recuperados cerca de R$ 15 milhões, metade do total que estava sendo transportado.
Fonte: gauchazh