No dia 25 de julho de 2025 a Juíza do trabalho Dra. Silene Cunha de Oliveira, realizou audiência de julgamento do inquérito para apuração de falta grave proposta pela Multinacional Prosegur em face de Leandro da Silva de Bastos, motorista de carro forte e diretor do Sinttrav.
Intervenção do MPT: pedido da defesa foi devidamente atendido.
Asseguraram o exercício pleno da atividade sindical como direito fundamental coletivo, indisponível e intransigível. O mandato sindical não pode ser tratado como interesse meramente patrimonial ou individual do trabalhador, pertence a coletividade de trabalhadores que o elegeu. Normas constitucional do art.8,VIII da CR/88 bem como da Convenção número 87 e 98 da OIT.
Permitir que a empresa obtenha êxito em afastar Leandro do convívio laboral, significa premiar a conduta patronal abusiva que busca silenciar a representação sindical crítica e combativa. Tal desfecho compromete a ordem institucional de proteção a liberdade sindical e afronta diretamente os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil perante a OIT/MPT.
Da decisão
Reintegração imediata em 48 horas garantindo todos os direitos trabalhistas decorrentes, vencidos e a vencer desde a data do afastamento, até a efetiva reintegração no emprego - férias + 13 Salário, FGTS computando se o tempo de afastamento, se como de efetivo trabalho para todos efeitos legais.
A multinacional espanhola Prosegur também foi condenado ao pagamento danos morais no importe de 100.000 (cem mil reais) a Leandro. A decisão cabe recurso, mas já é uma vitória importante para os trabalhadores e sindicato. A justiça reconhece legitimidade nas denúncias e as dores do Leandro e condena a pratica antisindical e arbitrariedade praticadas pela direção da Prosegur.
Entenda o caso
Leandro, motorista de carro forte e diretor do Sinttrav, teve o seu contrato de trabalho suspenso para apuração de falta grave no dia 17/02/25 por sua atuação sindical firme na defesa por melhores condições de trabalho e de segurança dos trabalhadores, Leandro fez várias denúncias a direção do Sinttrav sob as péssimas e precárias condições de manutenção dos carros fortes velhos e sucateados que colocam em risco a vida dos Vigilantes e também da sociedade.
Foram vários incidentes relatados, carros fortes com pneus careca, bancos quebrados, molas de suspensão quebradas, vazamento de óleo do motor, parte elétrica, lâmpadas de farol e setas queimadas, coifa da caixa de marcha estouradas, carros fortes sem amortecedores e até volante de direção no arame. Situação deplorável, inaceitável que acarretou vários acidentes. Carros fortes perdendo freio durante a rota, capotando e quebrando barra de direção em rodovias. Um verdadeiro caos que a transportadora de valores Multinacional Prosegur expõem seu vigilantes.
Leandro chegou a ficar mais de 24h fora de casa depois que o carro forte que ele dirigia, quebrou na estrada. Sem comunicação a equipe teve de recorrer a terceiros para comunicar com a empresa e pedir socorro.
Sem alimentação, água e falta de segurança a equipe do carro forte passou momentos terríveis na estrada. Quando o socorro chegou às 22h, o carro forte veio no reboque e o armamento, inclusive as calibres 12, vieram no carro leve o que contraria as normas da Portaria da Polícia Federal. O motorista do reboque ainda parou para jantar na estrada uma série de quebras de procedimento de segurança com apoio dos próprios gestores da Multinacional.
Leandro relatou que o carro forte em que trabalhava, perdeu o freio em inúmeras vezes, ouviu do gestor que ele que estava com má sorte.
Depois do último episódio em que o carro forte em que Leandro conduzia perdeu o freio em Sábara, o trabalhador foi afastado das suas funções, ficando em casa a disposição da segurança e da direção da Prosegur.
Dias agoniante e incerto para o vigilante motorista de carro forte Leandro que até para dormir tinha que recorrer a medicamentos controlados.
Leandro ainda foi convocado a comparecer à base da Prosegur onde sofreu interrogatório por um funcionário da alta cúpula da Multinacional Prosegur que apresentou ser da inteligência e veio a mando do jurídico, para interroga-lo por supostas quebras de procedimento. Em uma sala com a presença de vários representantes da Multinacional Prosegur, inclusive do Gerente da base de Belo Horizonte, Leandro foi sabatinado a uma verdadeira tortura psicológica.
O intuito estava claro, imputar a Leandro todas as responsabilidades pela falta de manutenção dos carros fortes. Promover inquérito administrativo para propor a justa causa do dirigente sindical e para isso, os gestores da Multinacional não mediram esforços, impediram a direção do Sindicato de acompanhar o diretor em seu depoimento. Não obstante isso, mantiveram o funcionário Leandro e sindicalista, afastado da empresa até a decisão final da Multinacional de propor na justiça do trabalho apuração de falta grave no intuito de demitir o vigilante por justa causa.
Desde o dia 17/02/25 Leandro não recebe sua remuneração nem benefícios, sem salário, sem ticket e teve o plano de saúde cortado pela multinacional.
Uma tremenda covardia praticado contra um trabalhador com mais de 18 anos de serviços prestados à multinacional espanhola Prosegur, não tendo nesse período nada que desabonasse a conduta de Leandro um Profissional exemplar e grande líder, sempre pautou pelo respeito e profissionalismo.
Não merecia esse tratamento tão desumano orquestrado pela direção da Multinacional no intuito de afasta-lo do convívio com os trabalhadores e calar de vez o sindicato, tirando dos trabalhadores, a voz que grita no momento de aflição.
A vitória de hoje é prova de que a resistência dos trabalhadores e a força da lei sempre triunfam sobre a injustiça e a perseguição. Quando se luta pelo que é certo, a verdade nunca se cala.