Conforme o estudo, que ouviu quase 12 mil trabalhadores pelo mundo, 91% daqueles com idade entre 18 e 24 anos estão estressados.
A porcentagem é ainda maior entre os que têm experienciado sintomas de burnout, síndrome que, conforme o Ministério da Saúde, pode incluir sinais como cansaço excessivo, tanto físico quanto mental, dor de cabeça frequente, alterações no apetite, insônia, dificuldade de concentração, negatividade constante, sentimentos de fracasso, insegurança, derrota e desesperança.
Economia
De acordo com a pesquisa, a maior causa de estresse nos trabalhadores, principalmente entre os mais jovens, está relacionada ao contexto econômico. Segundo o estudo, a porcentagem de funcionários estressados que estão preocupados com as finanças pessoais é de 38%, número que cai para 32% quando são avaliados todos os trabalhadores no geral.
A disparidade também é vista quando os dados são comparados entre as gerações. De acordo com o relatório, 39% dos trabalhadores da geração Z e 34% dos millennials veem que o dinheiro é a principal causa de estresse. Esse indicador cai para 29% na faixa etária de 50 a 64 anos e para 21% entre aqueles que têm mais de 65 anos. Incertezas quanto ao futuro, falta de oportunidades e falta de empregos também são outros motivos que aumentam o estresse nas gerações mais jovens.
Segundo o psicólogo João Gabriel Grabe, a sobrecarga profissional também pode ser outro fator estressor – não somente para os jovens. Como ele explica, o grande volume de tarefas pode ser algo propagado pela própria empresa. “Isso pode ter origem na cultura do local onde se trabalha, com o estabelecimento de prazos curtos, acúmulo de funções, pressão em relação a metas, falta de organização e um pequeno número de funcionários para desenvolver funções necessárias”, exemplifica.
Conforme o psicólogo, esses fatores, associados às inseguranças dos jovens que estão iniciando a vida profissional, também podem potencializar o excesso de trabalho, já que, em busca do reconhecimento, os funcionários podem extrapolar os limites saudáveis.
De acordo com Grabe, antes de tudo, é importante avaliar o quanto é danoso manter um ritmo acelerado de trabalho. “As principais consequências disso são a fadiga mental, a desmotivação, a improdutividade e o adoecimento mental”, pontua. “Ao se depararem com a sobrecarga e com suas consequências, os jovens tendem a ser demitidos por baixa produtividade ou acabam sendo deixados de lado até desistirem de fato da função”, acrescenta.
O psicólogo ressalta ainda que, pela própria idade menos avançada, existe uma cobrança social muito grande em relação aos mais jovens. “Isso acaba fazendo com que os sentimentos sejam ignorados e o foco fique apenas na produtividade e no ganho financeiro, independentemente dos desejos do jovem”.
João Gabriel Grabe afirma que um dos primeiros passos para lidar com esse tipo de situação – principalmente diante do aumento de estresse e de sintomas de adoecimento mental – é reconhecer os próprios limites e entender que, além da vida profissional, existe uma vida pessoal também. “Não devemos deixar que as exceções do trabalho se tornem regra, privando você de sua vida pessoal, das suas atividades de lazer e dos seus exercícios”, orienta. Ele ressalta ainda que os limites precisam ser impostos também à empresa, dizendo “não” quando necessário. “Ao menor sinal de sobrecarga, principalmente mental, em que você começa a sonhar com o trabalho e só pensar nele durante todo o dia, no que tem que ser feito, nos conflitos, busque ajuda. Não guarde os sentimentos e frustrações, não deixe para procurar auxílio depois que adoecer”.
Humanização
Além dos trabalhadores, as empresas também podem contribuir para que o esgotamento, o estresse e as próprias síndromes relacionadas ao trabalho impactem menos a vida de seus funcionários. Em entrevista a jornal OTempo, a coordenadora do curso de psicologia da Faculdade Pitágoras, mestre em administração e especialista em gestão de pessoas, gestão educacional e política organizacional do trabalho, Andreia Bernardes, explicou que é necessário que as organizações se humanizem e entendam que os trabalhadores são seres humanos e precisam ser respeitadas como tais. “As corporações precisam abrir um pouco mais os olhos para isso”, reforça Andreia, que também é professora de disciplinas relacionadas a recursos humanos.
Fonte:OTempo
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