BELO HORIZONTE/MG – O papel da organização sindical na resistência democrática e na defesa de bandeiras como a prática do trabalho decente, a prevalência da justiça social e a valorização do salário mínimo foram reconhecidos em levantamento de conceituado instituto de pesquisa de opinião da América Latina. Conforme Pesquisa Latinobarômetro, instituição com sede no Chile, de 2015, o sindicalismo detém 34% da confiança da população brasileira, em um cenário que relaciona grupos, instituições e pessoas, de idades, sexo e escolaridade diversos.
A informação foi apresentada por Malco Camargo (foto), cientista político e professor da PUC-Minas, em exposição, feita em 04/04, sobre as faces da crise política e os desdobramentos na realidade brasileira. Ele fez menção ao nível de credibilidade dos sindicatos, quando comentou sobre a lacuna de representação existente no Brasil.
Em um cenário em que a igreja figura com 71% de confiabilidade, o movimento sindical desponta como candidato potencial para liderar processo de renovação, uma vez que a confiança interpessoal, aquela que focaliza a outra pessoa, aparece com índice de 7%, em contraste que credencia o sindicalismo como agente capaz “de fazer melhor e diferente”, assinalou o especialista.
PRESENÇA DESTACADA DO JUDICIÁRIO
Camargo também destacou a presença do Poder Judiciário no cenário da crise, por encampar a maior parte da investigação das denúncias de corrupção, cumprindo papel que era preponderantemente do Legislativo, mas que tem sido subserviente ao Executivo. “Quando o Congresso Nacional não decide sobre questões importantes - disse - elas acabam sendo decididas pelo Supremo”.
Ao relacionar as possibilidades de soluções para a problemática brasileira, Camargo falou na hipótese do “impeachment”, cassação via Tribunal Superior Eleitoral (TSE), continuidade do governo e renúncia da presidente. O catedrático frisou o quadro de disputa em que os dois lados advogam ter razão, sejam os chamados “coxinhas” ou “petralhas”.
Renato Ilha, jornalista (MTP 10.300)