Hoje a tragédia de Brumadinho completa dois meses. Tivemos várias pessoas mortas, deixando centenas de famílias desfalcadas, sem seu ou seus entes queridos. Pessoas perderam casas, trabalhos, perderam suas rotinas e tudo o que tinham na vida. Perderam suas histórias de vida.
Famílias ainda sofrem sem poder enterrar seus entes e continuam sem respostas sobre a tragédia que deixou mais de 300 vítimas, entre mortos e desaparecidos.
De acordo com a Defesa Civil, até o dia de hoje temos 212 mortos e 93 ainda desaparecidos. As equipes de resgate continuam os trabalhos desde o dia 25 de janeiro, quando aconteceu o rompimento da barragem I da mina Córrego do Feijão, gestada pela Vale, que devastou todas as localidades próximas à estrutura.
O Corpo de Bombeiros explicou, por meio de sua assessoria, que todos os dias são encontrados corpos ou segmentos de corpos, mas a atualização do número de mortes confirmadas e de vítimas identificadas fica à cargo de outros órgãos.
O que foi feito pelas autoridades competentes até hoje?
O Sinttrav apurou como estão as pessoas que ficaram, mas perderam parentes, casa, trabalho, enfim, tudo o que tinham.
A paralisação da mina da Vale pode causar um rombo de 40% na arrecadação de Brumadinho. A previsão é de que o estrago seja maior caso os funcionários da mineradora fiquem sem emprego, uma vez que a empresa é a segunda maior contratante da cidade.
A Vale se comprometeu a repassar à prefeitura o Cfem (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) pelos próximos dois anos, mesmo que as atividades fiquem paradas. Quanto ao emprego dos trabalhadores, a companhia garantiu estabilidade até dezembro deste ano.
As perdas financeiras vão ser sentidas a longo prazo. A prefeitura tenta solução para o impasse com os governos federal e estadual, mas as negociações ainda estão em fase de conversa.
Hoje, Brumadinho está triste e é uma cidade inteiramente em luto.
Enquanto isso, a Vale, auditoria e engenheiros culpam uns aos outros pela tragédia. A investigação sobre rompimento de barragem sobe na hierarquia das empresas e os depoimentos à força-tarefa são marcados por trocas de acusações entre a Vale, a consultoria alemã Tüv Süd e engenheiros. Todos querendo fugir da responsabilidade pelo homicídio em massa ocorrido há dois meses.
Famílias ainda estão desamparadas, sem local para morar e dinheiro para se sustentarem. Ninguém ainda liberou verba o suficiente e as autoridades, que deveriam ser mais incisivas, não chegam a acordo nenhum.
Enquanto as respostas não aparecem, o coração das famílias permanece aguardando o fechamento de um ciclo e escondendo um novo começo, uma esperança de encontrar o mínimo de paz.