Divulgação/COPM

O coronel Edgar Soares, que foi refém de fugitivos de uma rebelião da Penitenciária de Contagem em 1990, morreu no final da manhã desta quinta-feira (18/4), em Belo Horizonte. Vítima de insuficiência coronária e pulmonar, ele tinha 80 anos e estava internado há duas semanas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Luxemburgo, na Região Centro-Sul da capital mineira. Soares, que também foi fundador da Academia de Letras da PMMG, deixa quatro filhos. 

O velório será no Clube dos Oficiais da Polícia Militar (Salão Topázio), no Prado, na Região Oeste de BH, nesta sexta-feira (19/4), das 10h às 14h.

 O Coronel Edgar foi um dos principais personagens de uma perseguição a foragidos em Minas Gerais que durou 12 dias em agosto de 1990. Nesse dia, cinco presos se rebelaram na Penitenciária de Contagem, na Grande BH, e fizeram nove reféns, entre eles a capitã Luciene Albuquerque, mulher de Soares, grávida na época. 

Num ato heroico, o coronel da PMMG se ofereceu para ser trocado de lugar com a mulher e acabou ficando refém por 12 dias, sob a mira de um revólver, que esteve, o tempo todo, apontado para sua cabeça.

O coronel Amauri Meirelles, hoje na reserva, conta que a situação foi inédita. “Nunca a PM tinha enfrentado tal situação, um sequestro e ainda por cima com um coronel como refém”, conta ele, que chefiou a operação que perseguiu os rebelados por Minas Gerais. 

Segundo ele, a PM não estava preparada para enfrentar um sequestro, ainda mais com um membro interno da corporação como refém. "Estávamos pisando em ovos. O lema sempre foi preservar a vida do refém. Depois desse episódio, a PM fez um estudo do caso. Foram analisados os erros e acertos, todos. Foram analisados os recursos que faltaram. Hoje esse estudo está completo e é a referência caso aconteça qualquer caso semelhante”, diz Meirelles.

Relembre o caso 

A rebelião começou por volta de 10h30 do dia 24 de agosto, quando o monitor Gilson Rafael Alves de Oliveira, e dois colegas, serviam o almoço, no Pavilhão 2. O grupo de prisioneiros liderados por Sebastião Pereira, o Tiãozinho, iniciou a revolta. Os cinco detentos levaram três funcionários da Fundação Getulio Vargas e dois monitores do presídio para o pavilhão 6, onde renderam a capitã Luciene, os tenentes Alexandre Lucas e Maurício Chaves Rodrigues e o sargento Luiz Gonzaga. Os cinco presos justificaram a revolta acusando a direção da penitenciária, que era comandada pelo major Marcelo Alves Assis de Toledo, de cometer torturas e espancamento dos presos. 

Os rebelados exigiram um carro forte de uma empresa mineira, o que lhes foi entregue. A essa altura, o Coronel Edgar já estava em poder do grupo, que seguiu pela BR-381 no sentido Sul de Minas. Um comboio de 60 veículos, das polícias Militar e Civil, foi atrás dos fugitivos, em perseguição. A operação foi comandada pelo Coronel Amauri Meirelles e pelo delegado Nilton Ribeiro. Com contou o Coronel Edgar, o plano dos rebelados era aproveitar a escuridão para despistar a polícia. 

Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, os fugitivos exigem um veículo Santana Quantum, que é cedido pela PM, colocam Edgar no carro e liberam o tenente Alexandre e o sargento Luiz. O outro tenente, Maurício, tinha sido assassinado pelos presos. “Mataram o tenente do meu lado. E seguimos viagem com ele morto”, contou o coronel.

Os fugitivos ainda invadiram uma casa em Juiz de Fora, com o coronel como refém, e por lá ficaram por vários dias. No nono dia, a PM tenta invadir a residência. Tem início a Operação Salvamento, com atiradores de elite a postos. Acontece uma troca de tiros. Dois fugitivos ficam feridos e se rendem.

No 12º dia, o restante do rebelado se entrega, com o Coronel Edgar a salvo. 

Fonte: Estado de Minas