Você provavelmente já ouviu falar de “quiet quitting” (demissão silenciosa), a tendência em que os funcionários faziam apenas o mínimo no trabalho e mentalmente se desligavam de empregos dos quais não gostavam, mas precisavam financeiramente. Depois veio o “loud quitting” (demissão barulhenta), que é essencialmente o que o nome sugere: fazer bastante barulho ao explicar por que estão saindo.

Mas agora, trabalhadores estão tão frustrados com ambientes tóxicos que estão largando o emprego sem qualquer aviso prévio ou carta de demissão — ou melhor, estão “se demitindo por vingança”.

Infelizmente, não são apenas jovens recém-contratados que estão deixando empregadores na mão sem qualquer formalidade ou ao menos um aviso de que não estarão na mesa no dia seguinte: de acordo com um relatório sobre demissão por vingança da plataforma de empregos Monster, quase metade dos trabalhadores dos EUA afirma já ter feito isso.

A maioria estava em seus cargos havia mais de dois anos antes de decidir sair silenciosamente do emprego.

“Demissões repentinas não são apenas saídas individuais, são sinais de alerta piscando sobre a cultura do local de trabalho”, diz Vicki Salemi, especialista em carreira da Monster. “Quando trabalhadores saem sem aviso, geralmente é porque perderam a confiança na liderança ou sentem que suas vozes não são ouvidas.”

Por que os funcionários se demitem por vingança: ambientes tóxicos e má gestão

Surpreendentemente, não se trata de dinheiro. A pesquisa da Monster mostra que os principais gatilhos para a demissão por vingança são ambientes tóxicos, má gestão e sentimento de desvalorização. Salário baixo ou falta de benefícios representam apenas 4% das saídas silenciosas.

A falta de oportunidades de crescimento na carreira aparece ainda mais abaixo, provando que cultura e gestão são o que sustentam a lealdade — ou o que a destrói.

E claro, isso causa um efeito dominó nos que ficam. Quase 60% dos trabalhadores já viram um colega sair sem aviso, e o impacto nas equipes é imediato. Projetos param, os funcionários restantes correm para preencher lacunas e a moral geral cai. Até um terço dos trabalhadores já viu quatro ou mais colegas se demitirem abruptamente sem dizer uma palavra.

Pior ainda, isso pode inspirar o próximo funcionário vingativo. Apesar de presenciarem a bagunça causada, cerca de 90% dos trabalhadores afirmam que a demissão por vingança é justificada em um ambiente ruim. Enquanto isso, metade diz que é uma forma válida de protesto.

Como reduzir a demissão por vingança na sua empresa

O antídoto não são apenas aumentos ou benefícios — é liderança proativa. Os funcionários disseram à Monster que uma cultura de trabalho mais saudável (63%), reconhecimento por suas contribuições (47%) e até um novo chefe (46%) poderiam ter evitado que saíssem abruptamente.

Caminhos claros de carreira também importam. Os trabalhadores querem sentir que seu tempo e esforço são investimentos em crescimento, não apenas uma forma de manter o escritório funcionando. Sem oportunidades visíveis de avanço, somadas à sensação de não serem ouvidos, a frustração cresce — e a lealdade se desfaz.

Os pesquisadores sugerem que empregadores que desejam reduzir a rotatividade devem focar em quatro coisas:

  • Criar ambientes de trabalho seguros e respeitosos
  • Treinar gestores para liderar com empatia e clareza
  • Reconhecer e recompensar contribuições
  • Oferecer salários competitivos e caminhos claros de carreira

“No mercado de trabalho competitivo de hoje, abordar esses problemas de forma proativa pode significar a diferença entre perder talentos repentinamente — ou construir uma força de trabalho leal e de longo prazo”, conclui o relatório.

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Imagem: IA

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