O uso de medicamentos psiquiátricos para lidar com estresse, ansiedade e burnout mais do que dobrou no Brasil no último ano, segundo uma pesquisa realizada pela The School of Life, organização global dedicada ao desenvolvimento da inteligência emocional, em parceria com a consultoria Robert Half.
Entre líderes, o salto foi de 18% em 2024 para 52% em 2025; entre liderados, de 21% para 59%. “Essa escalada indica que o sofrimento emocional não se restringe a um nível ou perfil específico, tornando-se uma questão generalizada no ambiente corporativo”, afirma Maria Sartori, diretora de mercado da Robert Half.
Entre os fatores que mais afetam a saúde mental dos profissionais, estão sobrecarga de trabalho (37%), pressão excessiva por resultados (33%) e conflitos interpessoais (31%). “Cada vez mais você tem que responder melhor com menos recursos. Metas maiores, menos dinheiro e menos tempo”, diz Arthur Guerra, professor da Faculdade de Medicina da USP e da Faculdade de Medicina do ABC, e cofundador da Caliandra Saúde Mental. “Isso gera estresse crônico que pode levar à depressão, insônia ou ansiedade.”
A pesquisa mostra que diagnósticos de estresse, ansiedade e burnout atingiram 27% dos líderes e 26% dos liderados no último ano. “Os líderes usam esses remédios como uma bengala. É uma forma de disfarçar e lidar com a sobrecarga sem pedir ajuda”, explica Guerra.
Jackie de Botton, diretora criativa da The School of Life, compara o uso de psicotrópicos ao de analgésicos. “A medicação alivia momentaneamente, mas não resolve as causas estruturais do problema, como falhas de comunicação, desvalorização e medo de punições injustas.”
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