Com a pandemia da Covid-19, houve um aumento de ansiedade e estresse, isso como consequência do isolamento social e outros fatores, mas as complicações decorrentes do surto que assolou o planeta foram ainda mais intensas para as mães.
Ao final do ano de 2021, uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) com mães de todo o Brasil constatou que 83% das entrevistadas sentiram-se sobrecarregadas por terem que cuidar dos próprios filho durante o isolamento e, dessas, 25% tinham sintomas de depressão, 26% de ansiedade e 22% de estresse.
Depois do retorno ao trabalho presencial, a situação se agravou.
Um estudo recente da Ticket levantou que 52% das mulheres já sofreram algum tipo de preconceito no ambiente de trabalho simplesmente por terem filhos. Em comparação, apenas 15% dos homens entrevistados deram a mesma resposta.
"As alterações hormonais da gravidez e do pós-parto já deixam as mulheres mais suscetíveis a quadros de ansiedade e depressão, e muitas se cobram por se sentirem obrigadas a conciliar o cuidado com os filhos à vida profissional, exigindo demais de si mesmas na grande maioria das vezes. E isso acaba impactando na saúde emocional dessas mães que trabalham, por isso é fundamental o apoio da empresa", explica a psicóloga e CEO da Mental Clean, Fátima Macedo.
De acordo com a especialista, é necessário que a mulher revise alguns aspectos no emprego para não haver excessos.
"Sabemos que há uma competição entre colegas dentro do ambiente de trabalho, mas precisa ser de uma forma saudável. É preciso elencar as prioridades e se organizar para que o trabalho seja bem feito sem que haja um esgotamento profissional, para que não culmine em um estado de burnout", analisa a psicóloga.
Por outro lado, Macedo alerta que as empresas precisam ter políticas claras de cuidado dessa mulher-mãe e, inclusive, trabalhar o viés inconsciente dentro da empresa, olhar para os dados com relação a cargos de chefia, o quanto isso está equilibrado.
"Muitas empresas ainda têm a falsa ideia de que se a profissional é mãe, ela não conseguirá se dedicar tanto ao trabalho quanto um homem, não conseguirá desenvolver carreira e não estará tão disponível para o trabalho quanto um homem estaria", diz.
A psicóloga orienta ainda que o papel da empresa nesse apoio aos colaboradores, em especial às mães, é de extrema importância.
"A organização precisa ter um ambiente mais humanizado, flexível e empático. É essencial que as lideranças conscientizem as equipes sobre a maternidade e a parentalidade, e sobre as necessidades que mães e pais têm durante diferentes fases de vida de seus filhos, para que haja uma compreensão comum a todos", instrui.
Além disso, outro apoio muito importante das empresas são as salas de amamentação.
"Temos alguns clientes do setor fabril que construíram o 'espaço para a mulher', onde tem a sala de amamentação e um ambiente para descanso", exemplifica Fátima.
Além de buscar empresas que já possuem políticas de apoio a mães e gestantes, as mulheres que estão passando por questões com saúde mental também precisam buscar ajuda profissional na área e é importante que tenham uma rede de apoio com amigos e familiares.
"A mãe não tem que carregar o mundo sozinha. Ela mesma se cobra disso, e as empresas podem, junto às demais pessoas ao redor dela, estenderem a mão para essa mãe, dando segurança a ela, trazendo alívio, apoio e um conforto para o bem da sua saúde emocional", sinaliza a especialista.
Nesse cenário, as lideranças têm que conhecer e entender melhor a realidade dos seus funcionários, até para que eles possam incentivar e apoiar as mulheres a conversar com a empresa a respeito das suas necessidades.
"É preciso empoderar essa mulher, ela precisa entender que pode e deve conversar com a sua organização e estabelecer uma conexão para que, de fato, seja atendida em suas prioridades", conclui Fátima.
Com informações do Estado de Minas - Saúde e Bem Viver
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