O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro e responsável pelo julgamento das ações da Lava-Jato no estado, colocou à disposição da Secretaria estadual de Segurança do Rio (Seseg) 46 blindados da transportadora Trans-Expert. Os veículos estão se deteriorando em um galpão da empresa. O magistrado encaminhou um ofício nesta sexta-feira ao secretário estadual de Segurança, Roberto Sá, comunicando sobre a disponibilidade dos blindados.
Em 2007, a empresa Trans-expert doou um carro-forte que virou caveirão da Coordenadoria de Operações Recursos Especiais (Core) Delegado quer que blindados de transportadora do esquema Cabral virem 'caveirões'
Por determinação da Justiça Federal, o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, voltou ontem para o Complexo de Gericinó, em Bangu. Cabral havia sido transferido para a carceragem em Curitiba por, supostamente, receber regalias no presídio no Rio. Ele voltou ao estado em um avião da Polícia Federal, que deixou o Paraná por volta do meio-dia de ontem. Saldo de contas
"Por conseguinte, poderá a Secretaria, caso haja interesse, vistoriar os veículos e informar a este juízo, com a maior brevidade possível, quais pretende utilizar, identificando-os. Informados os veículos sobre os quais há interesse da SESEG, proceda-se à sua avaliação, registrando-se o estado em que se encontra cada qual, inclusive com fotografias", escreveu o magistrado.
A disponibilização dos blindados ocorre num momento delicado para a segurança do Rio, com altos índices de violência e com o envio de tropas federais para o estado, há uma semana.De acordo com investigações da força-tarefa da Operação Lava-Jato, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e seu grupo contavam com um “banco paralelo” para movimentar o dinheiro da corrupção. Esse papel era desempenhado pela transportadora Trans-Expert Vigilância e Transporte de Valores, que tinha um cofre no bairro de Santo Cristo, no Rio, usado para guardar e distribuir o dinheiro do grupo.
A "caixinha da Fetranspor", investigada na Operação Ponto Final, que levou empresários de ônibus do Rio para a prisão, contava com "banco paralelo" para movimentar o dinheiro, que concedia até remuneração sobre os valores depositados, como numa caderneta de poupança clandestina. A delação do doleiro Álvaro Novis apontou para a transportadora de valores Trans-Expert. A empresa, que contava com planilhas e carros blindados para carregar a propina, operava livre do sistema público de controle das atividades bancárias.
O delegado Vinicius Ferreira Domingos, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), havia pedido em junho da Bretas que dez veículos blindados da Trans-Expert ficassem como patrimônio para o estado. Virariam, na prática, caveirões. Na solicitação, o delegado alegou que o governo se encontra em grave crise financeira e fala sobre o "estado de guerra urbana" da cidade.
No documento enviado ao juiz, o delegado afirma que a empresa está abandonada, assim como seus veículos, que estão no galpão da transportadora, onde há usuários de drogas e moradores de rua. Por isso, Domingos pede a Bretas que ele considere a possibilidade de que os carros-fortes ficarão destruídos ou serão saqueados em pouco tempo e que há uma carência de blindados à disposição do Departamento de Polícia Especializada. Fonte o Globo