O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) , com a implementação da inteligência artificial (IA), aumentou de 17% para 23% a análise de benefícios entre 2022 e 2023.

A partir disso, três em cada dez benefícios são analisados ​​de forma automatizada e podem ser confirmados ou não.

O objetivo do INSS é elevar para 50% a automação das análises até o ano de 2026.

 Vale destacar que no ano de 2021, a utilização de robôs pelo órgão era de 10%.

Tendo em vista que as filas de espera por concessão de benefícios do INSS chegam, hoje, em 1.794 milhões, a inscrição da IA ​​pelo órgão veio como alternativa para solucionar o problema.

De um total de mais de 100 benefícios concedidos pelo INSS, oito deles são analisados ​​automaticamente. Confira quais são:

  • Aposentadoria por idade;
  • Aposentadoria por tempo de contribuição;
  • pensão por morte
  • Auxílio-reclusão;
  • Auxílio-reclusão da pessoa com deficiência;
  • Benefício de Prestação Continuada (BPC) da pessoa com deficiência;
  • BPC do idoso;
  • Salário-maternidade.
 Apesar da rapidez na análise ser motivo de satisfação aos segurados, algumas distorções podem acontecer, como no caso de um trabalhador de 53 anos que teve o benefício negado em apenas seis minutos, ao fazer o pedido do benefício na última quarta-feira (26) .

Sobre o caso, os advogados do frentista CAS fizeram a solicitação da aposentadoria por tempo de contribuição às 9h58 de quinta-feira (27). Às 10h04, o pedido do benefício foi negado, sem ao menos ser observados documentos específicos do seguro.

Vale destacar que este segurado tinha o direito de converter tempo especial em comum, aumentando o tempo de contribuição, fazendo com que se conseguisse atingir as condições mínimas do pedido o quanto antes.

Além disso, o seguro tem documento comprovando 24 anos, 11 meses e 29 dias de tempo especial. Por um dia, não foi possível solicitar a aposentadoria especial, concedida a quem tem, no mínimo, 25 anos de trabalho em área prejudicial à saúde.

Os documentos enviados ao órgão garantem ao seguro a conversão deste tempo especial em comum e, ao somar com o serviço militar e outros empregos, o trabalhador alimentado o tempo mínimo exigido de homens para solicitar a aposentadoria por tempo de contribuição, mas não foi analisado pelo INSS devido à análise por robôs.

Contradição da portaria do INSS

De acordo com o INSS, na hora de solicitar a aposentadoria, houve erro e, ao responder as perguntas feitas pelo sistema, foi informado que não havia tempo especial. 

"O pedido foi negado pois o segurado, ao preencher a solicitação do benefício, indicou que não possuía tempo especial".

Além disso, o instituto afirma que há uma análise automática do que o segurado informa no momento em que pede o benefício. 

"Foi o que ocorreu neste caso", afirma o INSS.

De acordo com o advogado Rômulo Saraiva, especialista em Previdência e colunista da Folha de S. Paulo, ao negar automaticamente sem analisar os demais documentos anexados, o órgão acaba contrariando a sua portaria.

Essa situação acontece porque, em 2022 regulau a questão, na qual diz que "o requerimento será analisado mesmo que não venha acompanhado de documentos e ainda que, liminarmente, constate-se que o interessado não faz jus ao benefício".

"O sistema está atropelando o procedimento legal previsto para qualquer Processo Administrativo Previdenciário (PAP), que seria a contemplação por exemplo das fases inicial, instrutória e decisória. Ao agir assim, retirar-se a possibilidade de uma análise detalhada, de abrir prazo para exigência ou diligência", diz.

Os servidores administrativos do instituto têm criticado o uso de robôs na concessão de benefícios defendendo a análise criteriosa dos pedidos, porém afirmam que o quadro de enxuto de pessoal, mesmo após concurso para contratação de mil funcionários, impede tal procedimento.

Segundo nota, Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado de São Paulo (SINSSP), diz que o uso de robôs, mesmo com alto investimento em tecnologia, "não tem o mesmo zelo de uma análise por um técnico, devido à grande variedade de situações que permeiam a vida do segurado".

"Tanto para se conceder ou indeferir um pedido, o técnico percebe quando o segurado tem chances de melhorar o seu benefício, e pode fazer exigências", diz o sindicato.

A associação ainda acrescenta que “a direção do INSS tem conhecimento das negativas automáticas, já suportou diversas vezes pelas entidades representativas, e a resposta é que o automático veio para ficar e depende de investimentos em tecnologia e interligação com outros órgãos”.

Benefício negado

O segurado tem alguns caminhos que pode seguir para tentar a concessão de benefício caso o órgão dê uma resposta negativa.

Assim, o primeiro passo seria acompanhar a decisão contrária, na Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), cujo prazo médio de resposta passa de 1 milhas, de acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU).

Além disso, o seguro também pode ir direto ao Judiciário em busca da concessão. Ações de até 60 salários mínimos podem ser propostas no Juizado Especial Federal, sem a utilização de advogado. 

Apesar disso, é indicada a presença de um defensor, uma vez que, se houver recurso do INSS, o prazo para nomear um advogado é de até dez dias.

Outro caminho que o seguro pode optar é esperar 30 dias e, após esse período, fazer uma nova solicitação. 

Vale destacar que o pedido pode ser feito pelo aplicativo ou site Meu INSS , ou pela central 135, de segunda a sexta-feira, das 7h às 22h. 

Com informações da Folha de S. Paulo