BRASÍLIA/DF - Um ano de três meses após ser reeleita, com 54,5 milhões de votos, e depois de 13 anos do Partido dos Trabalhadores no poder, a Câmara Federal aprovou a continuidade do processo de impeachment da petista, por crime de responsabilidade. Desde a redemocratização, é a segunda vez que o Senado é autorizado a processar um presidente da república, após quase 24 anos da saída de Fernando Collor de Mello do Palácio do Planalto.
A aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 17/04, na Câmara, tem relação direta com os problemas causados pelo governo dela na economia, após cometer erros sucessivos de gestão. A queda de popularidade, abaixo de 10%, foi refletida no placar da votação na Câmara, no qual 367 votos aprovaram a continuidade do processo e somente 137 foram contrários, em substantiva diferença de 230 votos.
O rombo nas contas públicas foi causado por gastos acima do orçamento autorizado pelo Congresso Nacional. As chamadas “pedaladas fiscais” provocou a perdeu de confiança dos investidores e permitiu a volta da inflação, o que impôs aos brasileiros a maior recessão da história, com queda de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2015, e projeção de retração ainda maior, em 2016.
DESEMPREGO CRESCENTE
Nos últimos 12 meses, mais de 1,3 milhão de trabalhadores com carteira assinada perderam o emprego, conforme apurou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Em 2015, a taxa média cresceu para 8,5%, após marcar 6,8%, em 2014, na maior taxa registrada desde o início do levantamento, em 2012. Em janeiro de 2016, o número de trabalhadores desempregados chegou a 9,6 milhões, no maior registro medido pela pesquisa.
Mesmo em quadro de incerteza, trabalhadores, setor produtivo e governos têm urgência em uma virada na economia, com nova trajetória de retomada do crescimento e queda da inflação, a partir de reformas estruturais que não elevem a pesada carga tributária.
Embora a principal causa do fracasso do governo de Dilma Rousseff esteja no campo econômico e no desajuste das contas, será preciso livrar o Brasil de uma elite atrasada e atolada em intermináveis casos de corrupção, dentro e fora do governo, como ficou comprovado na ação da Polícia Federal e na Operação Lava Jato.
Renato Ilha, jornalista (MTP 10.300