Foto colorida do curso de formação para soldados dos Fuzileiros Navais - Metrópoles

Foto: Marinha do Brasil

Pelo menos 223 armas das Forças Armadas foram perdidas, furtadas ou roubadas desde 2013. Desse total, 110 foram recuperadas. O restante, dezenas de fuzis e pistolas, além de revólveres, espingardas e metralhadoras, continuam desaparecidos ou, o mais provável, nas mãos de criminosos.

Mais da metade dessas armas extraviadas pertence ao Exército. Já a Marinha teve um quarto do armamento surrupiado. A Força Aérea Brasileira (FAB) é responsável por 10%. 

A maioria das armas desaparecidas e roubadas das Forças Armadas são fuzis e pistolas, sendo 42% do tipo fuzil, e 37%, pistola. Uma a cada dez são metralhadoras. 

O extravio de armamentos dos militares chamou atenção em nível nacional em setembro do ano passado, quando 21 armas do arsenal de um quartel do Exército em Barueri, na Grande São Paulo, foram furtadas. Entre os armamentos, havia pelo menos 13 metralhadoras capazes de derrubar aeronaves.

Na terça-feira (8/5), um homem foi preso por suspeita de ter negociado essas armas com a facção carioca Comando Vermelho (CV). Do total de armas furtadas, 19 foram recuperadas. Duas metralhadoras continuam desaparecidas.

Três a cada dez armas das Forças Armadas extraviadas foram oficialmente alvos de furto. Em 70% dos casos, o sumiço do armamento é explicado oficialmente apenas como “perda” ou “extravio”.

Marinha recupera menos armas

Dos três ramos das Forças Armadas, a Marinha é a que menos recuperou as armas perdidas, furtadas ou roubadas. Para se ter uma noção, o Exército recuperou 66% das armas extraviadas, enquanto a Marinha apenas 17%.

Também é a Marinha a única força que não compartilha todos os dados de extravio de armas de fogo, já que mantém um sigilo de cinco anos para informações desse tipo. Por isso, a reportagem só pode ter acesso aos números dessa Força naval até o mês de maio de 2019.

Um desses casos que está em sigilo é o roubo forjado de um fuzil no Rio de Janeiro, na madrugada de 31 de janeiro de 2022. Um soldado dos Fuzileiros Navais arquitetou um falso roubo contra ele mesmo, mas os supostos assaltantes eram na verdade comparsas

Segundo as investigações da Marinha e da Polícia Civil do Rio, um dos comparsas era um ex-soldado. Atualmente, ele seria um gerente do tráfico de drogas em uma favela de Belford Roxo (RJ).

Entre os casos em que já caiu o sigilo está o desaparecimento de 33 armas do Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro em 20 de agosto de 2013. Segundo documento oficial da Marinha, em um mesmo dia sumiram quatro fuzis, duas submetralhadoras, seis pistolas, sete revólveres, além de carabinas e espingardas.

Com esse caso do Centro Tecnológico, o ano de 2013 se tornou o com mais armamentos perdidos ou roubados, somando Exército, Marinha e FAB. Naquele ano, um total de 42 armas dos militares foram extraviadas.

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Defesa e a Marinha questionando o sigilo de cinco anos, mas não houve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

O Metrópoles utilizou dados inéditos repassados pela Marinha e FAB para a reportagem via Lei de Acesso à Informação somados a dados do Exército compilados pelo Instituto Sou da Paz. Veja os graficos 

Fonte: Metropoles