Por: Jaqueline Naujorks
Você não está homenageando uma mulher quando reconhece que ela trabalha feito uma condenada para ganhar algum dinheiro, e quando chega em casa ainda precisa limpar, lavar, passar, cozinhar, e cuidar da criança, do idoso, do doente ou do marido. Mulher nenhuma acha isso lindo, e se tivessem escolha, jamais desejariam uma jornada tripla.
A mulher não é uma mistura de força e delicadeza. Ela é uma sobrevivente.
Somos cheias de cicatrizes, o resultado de inúmeras realidades difíceis: abandono, pobreza, abuso, famílias disfuncionais, assédio, competição, machismo cotidiano, pressão estética, ansiedade. Ela é forte porque precisa ser, e acredite, também é delicada porque precisa ser.
A mulher não é a rainha do lar, é uma funcionária com expediente infinito. Ser dona de casa é cansativo, um trabalho não-remunerado que não tem fim, que não dá trégua – sábado, domingo, feriado, enquanto todos descansam é ela que cozinha, lava e limpa. Ser a rainha do lar é a realização suprema para muitas mulheres, socializadas para amarem essa rotina, e tá tudo bem se essa foi a escolha delas.
Mas sinceramente, aposto que a mulher da casa na verdade adoraria ser a rainha do sofá, rainha do descanso, rainha da série, rainha da pizza, rainha do restaurante chique, rainha das férias remuneradas, ou apenas uma mulher sem a obrigação de cuidar de tudo.
O dia 8 de março não é uma data florida, é uma data política. Parabenize sim a mulher, mas não com a condescendência costumeira de quem dá graças a Deus por ser obrigado a reconhecer o que ela faz só uma vez ao ano. Facilite a caminhada das mulheres ao seu redor, que eu tenho certeza que você será lembrado por elas com o mesmo respeito, em todos os demais dias do calendário.
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