O Dia da Consciência Negra foi estabelecida pelo projeto Lei n.º 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. No entanto, somente em 2011 a lei foi sancionada (Lei 12.519/2011) pela presidente Dilma Rousseff. A data escolhida faz referência à morte de Zumbi dos Palmares no ano de 1965, ícone da resistência negra no Brasil colonial.

As gerações que sucederam a época de escravidão sofreram diversos níveis de preconceito. Estamos falando de um processo histórico que se inicia na exploração do trabalho de pessoas negras (e na ideia de que pessoas negras não eram realmente pessoas) e que suas consequências se estendem até hoje.

Dia da Consciência Negra e Desigualdade: Desemprego e exclusão atingem mais pretos e pardos, mulheres e nordestinos

Negros são 64% dos desempregados, 66% dos domésticos e 67% dos ambulantes

Desemprego e a exclusão do mercado de trabalho atingem, principalmente, pretos e pardos (classificação usada pelo IBGE), mulheres e moradores da região Nordeste, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, com dados regionais divulgados hoje (17) pelo instituto. Dos 13 milhões de desempregados no país, 8,3 milhões (63,7%) eram pretos ou pardos. A taxa de desemprego entre eles foi de 14,6%, enquanto a dos brancos chegou a 9,9%.

Ainda entre os aproximadamente 13 milhões de desempregados, eram 52,6% de pardos, 35,6% de brancos e 11,1% de pretos. Cinco anos antes, essas proporções eram de 51,9%, 38,3% e 9,3%, respectivamente.

Pretos e partidos são maioria da população de 14 anos ou mais (55%) e entre os trabalhadores ocupados (53%). Mas a proporção de ocupados negros é inferior à de brancos. A diferença também se nota nos rendimentos: a édia entre pretos e pardos é de R$ 1.531 e a dos brancos, R$ 2.757.

O percentual de trabalhadores com carteira assinada é maior entre brancos. No serviço doméstico, caracterizado pela informalidade e pela menor remuneração, 66% dos trabalhadores são pretos ou pardos. Eles também compõem a maioria (67%) dos ambulantes no país – mais de 1 milhão. No terceiro trimestre, 2,5% dos trabalhadores pretos ou pardos estavam nessa função, ante 1,9% em 2014. Também estão mais presentes na agropecuária e na construção civil e são maioria entre os trabalhadores por conta própria (55,1%).

Em todo o mercado de trabalho, a chamada taxa de subutilização da força de trabalho ficou em 23,9% no terceiro trimestre, o correspondente a 26,8 milhões de pessoas, sendo dois terços (17,6 milhões) pretas ou pardas. Esse grupo inclui desempregados, os subocupados e os que gostariam de estar trabalhando, mas não procuraram emprego. Para pretos e pardos, o índice sobe para 28,3%, caindo para 18,5% entre brancos.

Os maiores índices foram registrados na Bahia (40,1%), Piauí (38,5%) e Maranhão (37%). As menores, em Santa Catarina (10,9%), Mato Grosso (14,8%) e Rondônia (15,5%).

Apenas a taxa de desemprego, divulgada anteriormente, foi de 12,4% no terceiro trimestre, variando de 7,9% (região Sul) a 14,8% (Nordeste). O rendimento médio foi estimado em R$ 2.115, estável.

Em São Paulo, a taxa de desemprego era de 13,2% no terceiro trimestre. Cai para 11,4% entre brancos e sobe para 16,3% entre pretos e pardos.

A Pnad mostra ainda que, entre os ocupados, 57,3% tinham concluído pelo menos o ensino médio. Outros 27,4% não chegaram a concluir o ensino fundamental e 18,9% completaram o ensino superior. As regiões Nordeste (35,7%) e Norte (34,7%) tinham maior percentual de pessoas com menor nível de instrução (sem concluir o ensino fundamental).

As pessoas que o IBGE classifica como fora da força de trabalho, nem ocupadas e nem desempregadas, eram 38,2% daquelas em idade de trabalhar, ou 64,5 milhões. No Nordeste, eram 45,3% e no Sudeste, 35,1%. "Importante destacar que esta configuração não se alterou significativamente ao longo da série histórica disponível", diz o instituto. A maioria da população fora da força de trabalho era formada por mulheres (65,1%), também mantendo tendência histórica. Pardos (48%) e pretos (8%) eram mais da metade.