Em 2024, o analista contábil Luis Henrique Machado, 36 anos, recebeu o diagnóstico de ansiedade após dois anos convivendo com taquicardia, suor nas mãos, frio na barriga e intensas dores de cabeça. Durante muito tempo, ele acreditou que era apenas uma fase de mais pressão no trabalho. Foi após um desmaio no escritório, que os colegas o alertaram. “Já estava acostumado com o ritmo acelerado, almoçava em frente ao computador, fazia jornadas extensas para dar conta dos prazos e não associei os sintomas a nenhuma questão mental. Fui à emergência e, após a medicação, fui liberado com um encaminhamento para um psiquiatra”, revelou.
A primeira reação de Luis foi duvidar do que o médico estava sugerindo. “Me considerava uma pessoa saudável e acreditava que estresse era algo comum em qualquer rotina de trabalho. Quando aceitei ir à primeira consulta, tudo fez sentido e iniciei a terapia, junto à medicação. Levei o caso ao meu empregador, uma vez que a empresa era pequena e tínhamos um diálogo aberto, e, em momento algum, fui julgado. Me afastei por 25 dias por recomendação médica, mas meu caso ajudou a repensar alguns processos internos. Sei que, infelizmente, essa não é a realidade da maioria dos trabalhadores, que não podem se abrir ou dialogar com os patrões, mas realmente é preciso estar atento e falar mais sobre saúde mental em todos os ambientes”, observa.
A história do analista é semelhante à de outros 440 mil trabalhadores no Brasil, que precisaram se afastar do trabalho devido a transtornos mentais, segundo dados do Ministério da Previdência Social. Esse número representa um aumento de 117% em relação a 2014 e evidencia que cuidar da saúde emocional vai muito além da esfera pessoal: é também uma questão estratégica para empresas que buscam manter produtividade e engajamento.
Entre os diagnósticos mais frequentes estão ansiedade (141.414 casos), episódios depressivos (113.604), depressão recorrente (52.627) e transtorno bipolar (51.314). O comportamento digital acompanha essa realidade: levantamento da Psitto, publicado pela Conversion News, mostra que brasileiros realizaram 373 mil buscas mensais por termos ligados a transtornos mentais, como “o que é ansiedade?” e “depressão tem cura?”, em busca de respostas para sintomas que afetam a rotina e o desempenho no trabalho.
Sintomas como inquietação, dificuldade de concentração, insônia, tristeza intensa ou variações de humor podem refletir-se diretamente na produtividade e na capacidade de integração das equipes. A sobrecarga, a pressão por resultados e a falta de apoio emocional são apontadas por especialistas como fatores que intensificam esses afastamentos.
A psicóloga social e clínica e educadora socioemocional, Natália de Aguiar pondera que, diante desse cenário, o foco das empresas que querem promover saúde mental internamente deve ser o clima organizacional. “As estratégias devem se sustentar em pilares como comunicação transparente, liderança acolhedora, relações respeitosas, reconhecimento, oportunidades de desenvolvimento, boas condições de trabalho e coerência nos valores da empresa. Quando esses aspectos são fortalecidos, criam um ambiente de confiança e pertencimento que reduz o estresse, previne adoecimentos e se torna uma estratégia efetiva”, afirma.
É nesse contexto que programas de promoção de saúde corporativa se tornam essenciais. O SESI Minas Gerais, por meio do programa Viver Bem, atua de forma integrada para apoiar empresas na gestão da saúde e do bem-estar de seus colaboradores.
Nos últimos 14 anos, os serviços de Saúde, Segurança e Qualidade de Vida (SSI) impactaram mais de 5 milhões de pessoas, oferecendo soluções que combinam prevenção, cuidado e acompanhamento contínuo.
O Viver Bem atua em múltiplas frentes: alimentação saudável, atividades físicas, saúde mental e psicossocial, prevenção de doenças crônicas e transmissíveis, e qualidade de vida no ambiente de trabalho.
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