A cada 24 horas, cerca de sete pessoas morrem em decorrência de acidentes de trabalho no Brasil. Em 2021, foram 2.538 mortes, 36% a mais que em 2020, quando foram registradas 1.866. Os dados são do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab), uma iniciativa do Ministério Público do Trabalho (MPT) e Organização Internacional do Trabalho (OIT), e consideram apenas empregos formais.
O número geral de acidentes também cresceu. Em 2020, foram 446.881 acidentes de trabalho notificados; em 2021, o número subiu 37%, alcançando 612.920 notificações. No ranking de sinistros (considerando dados compilados de 2012 a 2022), as ocorrências mais comuns são: corte, laceração, ferida contusa, punctura (1.076.425), fratura (933.696), contusão, esmagamento - superfície cutânea (756.758), distensão, torção (463.461) e lesão imediata (443.490).
Além disso, homens jovens, entre 18 e 24 anos, estão entre os que mais sofrem acidentes de trabalho. Em mulheres, a faixa etária predominante é dos 30 aos 34 anos.
Setores com maior número de sinistros
Atividades de atendimento hospitalar lideram o ranking de acidentes de trabalho, com 603.631 notificações entre 2012 e 2022. Em seguida, o comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - hipermercados e supermercados, registrando 216.222 notificações no período. A administração pública em geral comunicou 168.674 acidentes e transporte rodoviário de carga, 148.768.
Segundo o procurador-geral do trabalho, José de Lima Ramos Pereira, acidentes de trabalho não ocorrem por acaso. “Em média, são 70 acidentes por hora e sete mortes por dia no Brasil. É muita coisa!”, ressalta. “Na maioria das vezes, isso ocorre por descaso de quem tem o dever de oferecer equipamento melhor, orientação e um ambiente seguro, e não o fazem”.
Prejuízos
O levantamento do SmartLab também considera os valores pagos a trabalhadores afastados. Por ano, os acidentes de trabalho representam perdas financeiras na média de R$ 13 bilhões, considerando valores pagos pelo INSS. Além disso, mais de 46 mil dias de trabalho são perdidos, contabilizando todos aqueles em que as pessoas não trabalharam em razão de afastamentos previdenciários acidentários.
Organização Internacional do Trabalho alerta que a saúde mental dos trabalhadores deve ser motivo de preocupação para empregadores pois adoecimento, que provocou o afastamento.
Ações trabalhistas
No ano passado, ao menos 307 mil ações trabalhistas foram ajuizadas com temas relacionados às condições de segurança e saúde em ambientes de trabalho na Justiça Trabalhista. O número contabiliza reclamações que tratam de assédio moral, doença ocupacional, acidentes de trabalho, condições degradantes, limitação de uso de banheiro e assédio sexual.
Dados gerais
De 2012 a 2022, o Brasil registrou:
6.774.543 - Notificações de Acidentes de Trabalho (AEAT/CAT-INSS)
25.492 - Acidentes de Trabalho com Mortes (AEAT/CAT-INSS)
2.293.297 - Afastamentos por Acidente de Trabalho (AEAT/CAT-INSS)
2.448.239 - Notificações de Acidentes ao Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN - MS/SUS)
Fonte: Jornal OTempo